terça-feira, 12 de abril de 2011

ENTREVISTA DO MÊS - uma seção sem periodicidade

Alexandre Filippini não é uma pessoa comum: é gaúcho e mora em Florianópolis. Coisa tão rara quanto encontrar uma pérola na Fenaostra. O rapaz, que desde pequeno achava que o litoral era uma grande lagoa salobra cheia de patos, cresceu e descobriu que havia um mar lá fora, aliás sete, e se dedicou a explorar cada um deles na faculdade de oceanografia.

Hoje, aos 50 anos de idade, o jovem é pai e, segundo fontes seguras, é solteiro e está disponível. Fillippini é assumidamente fã deste nosso delirante espaço virtual e conhece o trabalho dos que aqui colaboram desde o fenômeno das 7 Maravilhas do Mundo Mané. De lá para cá, nunca abandonou nossas mentiras e criações. Sendo um dos nossos únicos fãs, o escolhemos como “Entrevistado do Mês”.

O Mundo Delirou: O senhor vem da escola dos grandes oceanógrafos famosos e altamente reconhecidos e que mudaram a história deste planeta, tais como... como... como quem mesmo, rapaz?
Alexandre Filippini: Minha formação se deve a grandes homens do mar como Mike Nelson do Aventuras Submarinas, Porter Ricks do Flipper, Marinheiro Kowalski do Viagem ao fundo do Mar e, não podemos esquecer o Capitão Nemo do Vinte Mil Léguas Submarinas, esse último um cientista prá mais de metro...ou, prá mais de légua.

OMD: O senhor, um caxiense da Gema, tem inveja de quem nasce em Tubarão? Afinal ele é o Rei dos Mares.
AF: De cara largaram sal grosso na ferida. Poderiam ter deixado essa para o final. Mas vamos lá. Sim, sim, afinal nasci naquela naba sem mar. Não podia me contentar com lambaris e jundiás. Uma vez levaram para Caxias uma baleia morta para a italianada ver. O troço fedia, mas todos pagavam para olhar o defunto marinho. Imaginem, uma baleia na montanha, uma baleia highlander. A baleia subiu a serra e eu desci. Precisava ver um tubarão.

OMD: Se você fosse um grande personagem da história oceanográfica, seria: Bob Esponja, Aquaman, Ariel - a Pequena Sereia, Nemo ou Polvo Paul?
AF: Bob Esponja e seus amiguinhos. Saí para lavar a louça e meus filhos responderam a pergunta. Como não sei apagar isso fica assim mesmo.



Alexandre Filippini (ao centro) e grande elenco


OMD: É verdade que lá pelos seus 29 anos de idade, o senhor ainda não tinha muita idéia do que fazer na vida, mas tudo mudou quando ligou a rádio na Musical FM e a canção ‘Oceano’, de Djavan, o fez sair correndo para realizar a inscrição no vestibular?
AF: Isso é fofoca. Tá parecendo o programa da Sônia Abrão. Com essa idade já estava na Universidade há uns 12 anos. Estavam tentando me jubilar porque a professora de cálculo só me ferrava. Ela era tão asquerosa que se tivesse um gorila na cidade daria um jeito dela escorregar para dentro da jaula.

OMD: Perito em ambiente marinho, o senhor pode nos explicar por que o Baiacú, o mais belo e importante de todos os peixes, só pode ser encontrado nos territórios de Cacupé, Santo Antônio, Sambaqui e, curiosamente no Japão, do outro lado do mundo, em outro oceano? Como é que pode, hein?
AF: Não sei se OMD tem conhecimento, mas muito já foi escrito sobre a controvérsia do Cacupé e do Baiacú. Existem coisas que devem ser deixadas com seus donos, por exemplo o “pé” e outras “ferramentas”, seja aqui, no Japão ou em Trombudo Central. É melhor deixar assim. Relaxem.

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"Uma vez levaram para Caxias uma baleia morta para a italianada ver. O troço fedia, mas todos pagavam para olhar o defunto marinho"
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OMD: Desde a corrida espacial, com início em plena Guerra Fria, o homem se aventurou no espaço em busca de respostas para a sua existência, pousando na Lua e colocando em órbita sondas altamente tecnológicas. A Rússia enviou a cachorrinha Laika e o cosmonauta Yuri Gagarin. Em seguida, o estadunidense Neil Armstrong deu um grande passo para a humanidade. O fato dos terráqueos gastarem bilhões saindo cada vez mais do seu próprio planeta, deixando de lado as questões terrenas e os estudos abaixo do nível do mar, não causa inquietude e revolta nos oceanógrafos, sendo que é mais fácil colocar um jovem na Lua do que a 30 metros abaixo d’água? Como resolver esse imbróglio?
AF: Na verdade acho que o homem não quer encontrar aquilo que já jogou nas fossas abissais. Muito lixo, inclusive o nuclear.

OMD: Mesmo sendo um exímio mergulhador, especialista em apneia, alguma gata já fez o senhor perder o fôlego? Poderia descrever o fato (e a moça, de preferência...)?
AF: Tatuíras me carreguem. Gata é gata né ô OMD? Se não tirar o fôlego é porque o sujeito não é do “ramo”.

OMD: Mas agora chega de falar de você, vai. Ouvimos dizer por aí que o senhor é um grande fã do nosso trabalho, de nossas criações e gaiatices. O senhor diria que ‘O Mundo Delirou’ é o melhor blog de humor disparado, que mudou sua vida e que funciona muito melhor do que qualquer best-seller de autoajuda? Confirme, por favor.
AF: Sem afetação, é um blog-humor diferenciado porque é insólito. Me atrai o improvável, o impossível. A observação do cotidiano é a peça chave, afinal encontrar um Stonehange em plena Praça XV é o mesmo que encontrar um manezinho no Louvre. Os livros de autoajuda do Paulo Coelho....não, não!!! Prefiro os de autolascação do Falcão.

OMD: O nosso blog aparentemente tem tudo a ver com sua trajetória de vida, afinal o senhor, sendo um grande especialista em mares, gosta de tirar uma onda das pessoas. Certo?
AF: Gosto de sentar num bar no fim de tarde e olhar as pessoas, ver a onda de cada uma. O mercado público é o melhor lugar. Se tiver alguém divertido ao lado para análise antropo-besteirol, melhor ainda.

OMD: Agradecemos a sua paciência, a sua atenção e esperamos que, mesmo depois desta série de perguntas, o senhor ainda continue acompanhando nosso trabalho. Para encerrar: se o senhor jogasse uma garrafa no mar com uma mensagem que fosse lida pelas gerações futuras, qual seria o conteúdo? Obrigado e até próxima.
AF: Sem sacanagem, uma vez encontrei na Ilha dos Corais uma garrafa com um bilhete dentro. Falava de religião e amizade. Acho que deve levar uma mensagem que o homem não precisa competir com ele mesmo e nem com o ambiente. Infelizmente nossa cultura é destruidora.

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